segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Chile - Atacama e muito mais! Jan/2017

   O planejamento era de longa data, só restava a ansiosa espera. Seria uma experiência de vários dias em cima da motocicleta, acampando e vivendo a estrada.
   O itinerário se alterou um pouco e a ideia era descobrir onde dormir quando fosse necessário, sem nada agendado, com o desconhecido a perturbar a mente.

 Subindo os Caracoles (Andes) entre Chile e Argentina.

    Partindo de Florianópolis no dia 2 e voltando no dia 16 de janeiro, o trajeto foi:
  • 2 - Florianópolis - SC (BR) ... Santo Ângelo - RS (BR), [720 km], apto do Fábio.
  • 3 - Santo Ângelo - RS (BR) ... La Verde - ARG, [640 km], camping
  • 4 - La Verde - ARG ... Joaquín V. Gonzáles - ARG, [550 km], camping
  • 5 - Joaquín V. Gonzáles - ARG ... Maimará - ARG, [330 km], hospedaria
  • 6 - Maimará - ARG ... São Pedro do Atacama - CHI, [430 km], camping
  • 7 - São Pedro do Atacama - CHI, camping
  • 8 - São Pedro do Atacama - CHI ... Deserto de Antofagasta - CHI, [380 km], camping
  • 9 - Deserto de Antofogasta - CHI ... Copiapó - CHI, [470 km], hospedaria
  • 10 - Copiapó - CHI ... Pisco Elqui - CHI, [970 km] camping
  • 11 - Pisco Elqui - CHI, camping
  • 12 - Pisco Elqui - CHI ... Los Andes - CHI, [530 km] hospedaria
  • 13 - Los Andes - CHI ... Villa Mercedes - ARG, [625 km], hotel
  • 14 - Villa Merceds - ARG ... Cerrito - ARG, [650 km], hotel
  • 15 - Cerrito - ARG ... Ijuí - RS (BR), [770 km] hotel
  • 16 - Ijuí - RS (BR) ... Florianópolis - SC (BR), [670 km], casa!
  Dia 2
  Parti de Florianópolis em uma viagem com muito trânsito, de Vacaria a Lagoa Vermelha peguei um chuvão, com um calor de 35 C, suando muito, a tônica de quase toda a viagem. Encontrei meu amigo Fábio para os últimos preparativos, comemos um X bagual, até exagerei na medida pela fome da viagem, pois não havia almoçado.

  Dia 3
  Saímos relativamente cedo para pegar a balsa em Porto Xavier com destino à Argentina. Conseguimos pegar a das 9h45. O despacho aduaneiro foi rápido, os fiscais olharam os baús laterais e traseiro, o passaporte, o documento da moto e a carta verde. A sorte é que não pediram para olhar a mala em cima do banco, pois demoraria muito para desatá-la e abri-la. Já começava a praticar o "portunhol".


   O calor era sufocante, a Argentina é muito quente e abafada. Já sofria com as roupas para a moto desde o início, foi realmente a tortura da viagem. Na ruta 16 o caldeirão estava formado e iria se estender até quase cruzarmos a Argentina. O calor era terrível, o Chaco com seu charco e planura tornavam a viagem incandescente, retas infindáveis. 

  Parada para um chamado da natureza, adubar o chaco ...
 
Dormimos em um camping público em La Verde, indicação por uma atendente de um posto de combustível ali perto. Nesse momento nos demos conta da hospitalidade e cordialidade dos argentinos, gente educada e prestativa, nada com o que a mídia de certa forma apregoa. Sem dúvida o Brasil precisa rever seus conceitos educacionais.
   No camping fui atacado por pernilongos, o lugar era lindo, mas as picadas me incomodaram por boa parte da viagem. Para variar não havia onde tomar banho fechado, e ao tentar tomar banho no lago, fui ferroado por uma vespa que me presenteou com uma dor ardente na panturrilha por toda a noite. Acabei tomando banho de roupa no chuveiro que tinha no balneário do camping. Os guris que cuidavam do lugar foram muito solícitos e até tinham arrumado para tomarmos banho em um hotel da cidade que viria nos buscar se quiséssemos (tudo de graça). À noite jantamos macarrão com sardinha. Para completar, a música se estendeu até umas 2 da manhã, sem falar nos carros e motos com o escapamento aberto que passavam. Em resumo, a paisagem e a hospitalidade compensaram o desconforto e a noite mal dormida.





























   Dia 4 
   O pior dia da viagem, o Pampa del Infierno, 45 C!


  Pela primeira vez repensei minha decisão de viajar ao Chile, o sol foi abrasador e a temperatura insuportável. Com o sol sobre o asfalto e a umidade do ar, com temperaturas beirando os 45 C. A roupa preta se tornou um forno, cheguei a queimar as coxas, ombros e braços, que a noite tinham "febre". Acho que cheguei perto de uma insolação. O vento quente que a moto soprava era terrível, eu vinha levantando e colocando a cabeça para os lados para me refrescar. Quando parei em um posto, estava tonto, a coisa estava séria. Pensei em parar e esperar a noite chegar para continuar a viagem. Como eu seguia a moto do Fábio que mantinha velocidade entre 110 e 120 km/h não andei mais rápido e, portanto, não me "refresquei" mais. Os miolos estavão tão quentes que nem pensei em trocar de roupa e usar um jeans e uma camiseta.
   No caminho para Salta, logo depois de La Verde pegamos a ruta 89 por engano e perdemos alguns minutos até nos darmos conta do erro. De volta à ruta 16, atravessamos o Pampa del Infierno, até chegarmos ao entardecer a Joaquin V. Gonzales, onde passamos uns 6 km do camping, voltando para encontrá-lo na saída da cidade. Tinha piscina e colocamos as barracas sob a varanda de uma casa. Nessa ocasião, assim que o Fábio saiu com a moto para procurar um lugar para as barracas, antes do proprietário do local nos indicar um lugar coberto para as barracas, eu deixei a moto cair ... Ela estava tão pesada que para retirar ou colocar o pezinho eu tinha que deslocá-la para o lado oposto, saindo do seu centro de gravidade, e nessa ocasião meu pé direito escorregou e lá se foi a moto ao chão. Sorte que não me machuquei e não quebrou nada, desamarrei a tralha e levantei a moto. Esse seria o primeiro tombo da Betsy.






   O preço do camping foi de 25 pesos para cada um e o preço da piscina foi 30 pesos para cada. A piscina estava boa, ficamos um hora nela, o tempo que deu, até que fechasse. O tempo virou e de noite choveu um pouco. Não poderíamos ter colocado as barracas em local melhor. À noite, arroz com aveia, salame e suco.


   Dia 5
   Único dia que pegamos chuva, logo depois que passamos por Salta em direção a Pumamarca. Esse foi um dia interessantíssimo, estávamos no caminho do Rally Dakar e num lugar de beleza peculiar.


   Sabíamos que teríamos problemas com combustível até atravessar a fronteira com o Chile e chegar a São Pedro do Atacama. Então, ao invés de seguirmos para Pumamarca, fomos até Tilcara (caminho para a Bolívia) que ficava a uns 30 km, onde havia um posto YPF (comum na Argentinha) para abastecer. Lá chegando o Fábio descuidadamente abastece com a gasolina 98 (a mais forte). Haviam nos recomendado abastecer sempre com a 95, a chamada super. Eu notei depois que ele abasteceu que era 98, e pensei que mal não teria e coloquei também. O problema é que a moto dele não gostou, começou a produzir uma fumaça branca e a ter dificuldades para pegar. 
   Voltamos para Pumamarca para dormir e subir os Andes no dia seguinte. Todavia, choveu e a região possui uma peculiaridade que nos surpreendeu. Havia notado que ao longo do asfalto havia umas depressões, onde a estrada era feita de concreto, por que seria? Quando chove os morros, que são de constituição pedregosa e arenosa, escorrem e as chuvas formam "rios" instantâneos que correm por cima do asfalto, as vezes com pedras e lama. Ficamos presos em uma barreira, até que a mesma fosse desobstruída por uma patrola. Quando chegamos em Pumamarca o camping que achamos era lastimável e o "hotel" era caro demais, também não havia gostado do atendimento. Estava tudo encharcado para as barracas e o local era ruim. Conseguimos a informação que havia um local especial para motociclista na cidade próxima onde haviamos passado, Maimará., uns 10km, voltamos, e que sorte! Na verdade era em Tilcara, mas Maimará foi ótima.

  Caminhões do Rally Dakar na cidade de Tilcara.

  Pumamarca enlameada. Cidade turística, cara.

   Em Maiamará encontramos uma hospedaria de brasileiros de Santa Catarina! Nos fizeram um bom preço e foi o primeiro banho e banheiro decentes da viagem. Detalhe, a região é riquíssima em fósseis, com mais de 250 milhões de anos e algumas paredes da hospedaria apresentavam vários.
Hospedaria Maymara, de brasileiros.
 
   A noite fomos a uma fábrica de cerveja artesanal, onde uma senhora muito simpática nos atendeu e explicou detalhes dos milhos da região. Depois fomos jantar, o primeiro jantar decente também. Lomo de Llama (filé de Lhama), gostoso.

  Lomo de Lhama com papas e salsa de abacate.

   Dia 6
   No dia seguinte voltamos a Tilcara, para abastecer de novo e tentar arrumar a moto do Fábio. Resultado, uma troca de vela e tudo resolvido. Fui ao centro para trocar uns dólares por pesos Argentinos e fiquei surpreendido com o local.









 Nesse dia iríamos subir o temido Andes e ultrapassar os 4000 m de altitude. Já em Pumamarca paramos para fotografar o Cierro de las Siete Colores. Bonito, mas confesso que as paisagens até Tilcara são mais interessantes.
 Morro das Sete Cores.

   Depois de Pumamarca começa a subida que se estende até Susques. Eu senti os efeitos da altitude, um pouco de tontura e falta de ar ao falar, o cansaço aparece rápido para fazer qualquer coisa. Mascar folha de coca nos ajudou e alcançamos 4170 m acima do nível do mar. A estrada era bem sinuosa com muitos pedregulhos soltos em algumas curvas, o que exigiu cuidado.












Salar de Jama. Tudo era mar antes dos Andes subirem...











 Paso de Jama, aduana entre Argentina e Chile.

A aduana foi um capítulo a parte, levamos umas 3h30 para passar. Era uma fila de carros enorme e não havia gasolina no único posto. Nosso último abastecimento foi em Susques (uns 130 km antes) e ainda teríamos mais uns 160 km até San Pedro de Atacama. Esse posto de Susques imaginávamos que não existia, mas o de Paso de Jama imaginávamos que teria combustível. O Fábio esqueceu o SOAPEX (similar a carta verde, só que exclusivo para o Chile) e foi tentar imprimir o documento, enquanto eu empurrava as motos na fila (cansaço). Depois de um tempo me sugeriram que deixasse as motos mais a frente no acostamento e esperasse para entrar novamente na fila, nada como uma cabeça pensante ... Parei de fazer força. Resumo, não pediram o SOAPEX na aduana, e nem a Polícia chilena pediu quando nos parou! De toda forma, aconselho ter o documento. Depois que entramos na aduana, estacionamos as motos e fomos para as filas a pé, da nr. 1 para a nr.2, 3, 4, e 6 (não tinha a 5!). Cada fila fazia uma coisa diferente, um carimbo por assim dizer, senhora burocracia. Depois das filas fomos esperar a vistoria, que foi rápida e parecida com a da Argentina, com o detalhe que no Chile comida é delicada, confiscaram meus milhos de  pipocas, semente não entra. Lá na aduana eles te dão um papel que acabei guardando em lugar indevido, pois achei que não precisaria, na entrada novamente na Argentina (mais tarde) precisei do tal papel e quase fico enroscado, pois não sabia exatamente se ainda tinha o tal papel e se ainda estava comigo.
   Antes de sairmos da aduana falamos com um monte de gente, motociclistas e motoristas brasileiros. Um deles havia passado a pouco para a Argentina e tinha entortado o aro dianteiro de sua BMW K1600 em umas pedras que haviam em uma curva. Desesperado estava, pois o pneu estava murchando e ele não sabia o que fazer. O Fábio lhe deu um remendo em spray que veda furos e enche um pouco o pneu, não sei se deu certo, mas o motociclista ficou muito feliz, queria pagar, não havia necessidade. Espero que tenha  funcionado e o ajudado a chegar a uma cidade com assistência.
  Saímos tarde da aduana, umas 19h30, o sol já começa a dar sinais de fadiga e queria se abrigar no horizonte. Paramos para umas fotos e um carro em sentindo contrário nos alertou das tais pedras em uma curva. Fiquei sinalizando para quem passava para tomar cuidado. Logo a frente encontramos as tais pedras e eu parei para tira-las da estrada, ninguém havia pensado nisso!




   Anoiteceu, estávamos andando nos andes e o frio apertou, com vento. O sensor da moto indicava uma temperatura de 5 C, mas outros motociclistas disseram que registraram 2,5 C! Com vento a sensação térmica devia ser bem inferior. Nos agasalhamos, eu já tinha passado muito frio andando de moto e dessa vez acho que superou a minha pior experiência. O problema foram as mãos, apesar da luva de neoprene mais a luva de moto, não adiantou. Paramos uma hora, já no escuro, e coloquei minhas mãos no escapamento da moto. Foi difícil, eu mexia os dedos na tentativa de abrandar o frio. Em uma parte do deserto, lá em cima, o motor parecia não responder, falta de ar, tive que baixar as marchas para continuar mantendo uns 100 km/h, o consumo foi nas alturas. Parecia que o motor ia pifar. Sem falar que dirigir a noite é outro detalhe que se tem que cuidar.
   Quando se está perto de San Pedro de Atacama (SPDA), a decida é rápida, você passa de 4000m para 2000m aproximadamente em poucos quilômetros. Aí sim, pode-se sentir o calor que estava nos fazendo falta, no deserto faz frio a noite, mas aquela temperatura era divina.
   Quando estávamos a uns 20 km de SPDA acabou o combustível da moto do Fábio, colocamos 5 litros que eu carregava comigo e seguimos. Chegamos umas 21h30 e tratamos de procurar um camping, achamos um não muito barato, 12.000 pesos chilenos (uns U$ 18), mas cansados, não havia muita escolha. O camping era bem estruturado, para o padrão SPDA estava no preço.

  Dia 7
  SPDA é uma cidade turística, tem muito turista, portanto, nem tão barata. O nome até poderia ser trocado de San Pedro de Atacama para São Paulo de Atacama, da quantidade de turistas brasileiros espalhados pelas ruas. Os motociclista enxameiam para lá como mosca no mel. Está na moda conhecer SPDA.
  A cidade tem seu charme, mas as ruas são confusas ao primeiro contato, o turismo é explorado ao máximo. Quase todo hostel estava lotado, a cidade parecia lotada. Mas a  melhor parte é visitar os pontos turísticos, como os gêisers, o Vale da Lua e o Vale da morte, também tem um lago por lá que vale a pena visitar. Em sumo, merece uns 3 dias de visitação a tal SPDA.
  Como nosso tempo era escasso, optamos somente por visitar o Vale da Lua e tentar descansar um pouco para a viagem no dia seguinte.
  O clima do deserto é ótimo, quente no sol e fresco na sombra, uma delícia, sopra um vento gelado. O deserto mais seco do mundo, você não sua, não se acredita que na sombra é agradável. A noite faz um friozinho gostoso, pelo menos nessa época do ano.



Camping La Abuela, são "domos" para alugar (construções típicas do deserto). Tinha até piscina, mas a nossa estava interditada.







   O Vale da Lua é um lugar peculiar, o nome se deve às paisagens que remetem a lua. Paga-se 3000 pesos Chilenos e pode-se visitar outros pontos turísticos com o mesmo passe. É de estrada de chão e pode-se visitar de carro e de moto, só um pouco de cuidado em algumas curvas com areia, como notamos na história que segue.
   O fato foi que apareceram uns coreanos (ou japoneses), pelo menos é o que achamos, com cabelo espetado pintado de amarelo, em uma caminhonete vermelha, passaram por cima de uma pedra e entraram em lugar proibido para estacionar, levaram uma reprimenda e se mandaram, foi uma coisa engraçada. Depois aparecem dois motociclistas atrás de um corda para poderem puxar a caminhonete que estava quase tombada em uma curva .... Os coreanos eram malucos.....kkkkkk





   O caminho para o Vale da Lua é o que segue nas fotos abaixo. As fotos anteriores foram feitas antes. Nesse lugar acima, as rochas são de sal e quartzo, muito curioso. Emitem crepitares, devido a dilatação e contração, parece que vão se soltar e cair.
 
 As Três Marias.

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   A noite fomos comer no mesmo lugar que ao meio dia e encontramos um casal de brasileiros de Vanini - RS, com suas motos off-road, a dela uma Lander 250 e a dele uma Suzuki DRZ 400, com tanque de 10 l! Haviam se perdido no deserto devido ao GPS e feito mais de 30 km em areia fofa! Nos deram a dica de visitarmos Tocopilla no Pacífico e depois seguir para Antofagasta, e foi o que fizemos.

   Dia 8
   Saímos de SPDA tarde da manhã como sempre, em direção a Antofagasta, iríamos por Tocopilla para ver a paisagem. Nesse dia começa o deserto mais deserto da viagem. Só víamos pedras e não havia sinal de vida alguma, as retas eram torturantes e se podia ver até 50 km. O final das retas parecia um espelho, efeito da dilatação do ar. Andar no deserto foi agradável, sempre um vento geladinho, quando não, só se sentia o calor quando se parava a moto. Há no deserto estações de geração de energia eólica e mesmo fazendas solares, e a estrada é acompanhada por linhas de transmissão em muitos trechos. Existem muitas minas, o deserto é repleto de minas. 
   Fomos até Calama que fica perto de Chuquicamata, onde existe a maior mina de cobre do mundo (também é a maior mina a céu aberto do mundo). Na entrada da cidade o Fábio passou reto e tivemos que fazer um contorno não acabado para voltar à cidade para abastecer e tentar comprar o famoso galão de combustível da COPEC (marca de postos de combustível comum no Chile). Compramos 2 de 10 l, e fiquei decepcionado, pois a qualidade não era como se esperava, ela diminuiu com o passar do tempo, como o tamanho das embalagens de comida no Brasil. Antigamente, os galões COPEC eram interessantes.





   Depois de quilômetros de pedras e do deserto mais seco do mundo, chegávamos a Tocopilla e víamos o oceano Pacífico pela primeira vez! Aqui mais um capítulo da novela que se desenrolava as vezes com as motos: o Fábio parava com frequência para tirar fotos e eu parava para esperá-lo, deixava a moto ligada em ponto morto. Dessa vez, ele parou na entrada da cidade, na placa onde dizia Bem Vindo à Tocopilla, segui o mesmo padrão de parada, só que o Fábio desceu para fazer umas fotos mais elaboradas, e eu acabei descendo também e deixando a moto desengatada na descida ... Na hora de irmos embora, quando estava subindo na moto, a mesma andou e lá se foi outro tombo, só que desta vez do lado esquerdo. Sorte que não me machuquei. Após levantarmos a moto, a mesma não quis pegar. Resultado, desci em ponto morto até que pude "arrumar a moto".
  A V-Strom possui uma chave no manete de embreagem, quando o mesmo é acionado ele aciona a chave que fecha um curto. Portanto, existe um cabo que vai até essa chave e que é conectado com a central de injeção de combustível. Fechei um curto com meu canivete suíço no conector do tal cabo e dei partida na moto. Ufa! Ainda bem que eu sabia desse detalhe, senão teria ficado em Tocopilla. Essa chave volta e meia dá problema na V-Strom. Coisas de engenharia mal feita.
  Depois paramos no primeiro posto de combustível para abastecer e eu arrumei um clipes de papel e deixei o curto no cabo ... resultado: a luz da injeção de combustível acendia no painel a aproximadamente cada 50km, então fiquei preocupado. Ora bolas, só pensar com calma para descobrir que a injeção de combustível estava pensando que a embreagem estava sempre acionada, tirei o curto permanente e tudo se normalizou. Só consegui consertar a moto em Copiapó, pois era chato e até mesmo perigoso ter que ficar fechando um curto para fazer a moto pegar. Imagina se a moto apaga no trânsito pesado no meio de uma cidade.

Primeira visão do oceano Pacífico.

Onde derrubei a moto pela segunda e última vez! Ufa!

 Visão da cidade de Tocopilla.


   Depois de Tocopilla a paisagem se resume ao mar e ao deserto, um na sua direita e outro na sua esquerda. E não que seja uma paisagem entediante, outro lado, sim, encantadora. Paramos em uma vila de pescadores para almoçar e seguimos para Antofagasta. A comida estava ótima.




   Antofagasta é uma cidade litorânea e de tamanho razoável, nada do que havíamos imaginado. Não encontramos camping depois de entrar na cidade e resolvemos seguir viagem, já estava escurecendo. Foi um pouco complicado sair da cidade, mas a sorte sempre ajuda os loucos. O Fábio parou para pedir informações para um brasileiro (morava em Antofagasta) que estava justamente saindo da cidade, ele nos conduziu até a saída!
  Agora seria acampar no deserto, como vínhamos almejando desde o início da viagem. Aproximadamente uns 80 km de Antofagasta tem as mãos do deserto e chegamos com um vento terrível, quase derrubou a moto de novo. Em muitos trechos da estrada pegamos vento lateral, mas nessa região que estávamos eles poderiam ser realmente violentos, andávamos com cuidado.


 Logo depois das mãos, saímos da estrada para acampar no deserto. A primeira parada a uns 500m da estrada não agradou o Fábio (foto abaixo) e acabamos andando um pouco mais, ficando a mais de 1km da rodovia. Paramos em um lugar onde escorria água quando chovia, quase um leito de rio, onde não se acampa jamais. São Pedro não iria mandar os 5 mm de chuvas anuais naquela noite, iria? Não.
  Resumo, acampamos ao lado de uma ferrovia antiga, onde só constava a estrada, o que nos intrigou no início pela forma de rampa ao longo do deserto. No dia seguinte quando achei um trilho de trem e um pino de trilho, tudo se esclareceu.
  Ao montar sua barraca o que você não deseja é um terreno irregular, chuva e/ou vento. O que tivemos naquela noite foi vento, obviamente, pois estávamos em um lugar que ventava bastante. Minha barraca, menor que a do Fábio se manteve firme, coloquei umas pedras e tudo funcionou. Já a barraca do Fábio não se sustentou, ele acabou dormindo dentro da barraca desarmada, com uma lona preta por cima, presa por pedras, como nas fotos do dia 9.
  Não fiz comida, estávamos muito cansados e não deu para curtir muito as estrelas.


    Dia 9
   A noite foi conturbada em meus sonhos, o vento e o papo do Fábio em relação a nossa segurança, o que era descabido, pois estávamos afastados da rodovia, no escuro e em terreno de difícil acesso e no meio do nada, me fez ter pesadelos ... O Fábio dormiu mal na barraca improvisada. 
  De manhã demoramos para desarmar o acampamento e aproveitamos para curtir o deserto, tomamos um café e adubamos o terreno, na espera da próxima chuva ... kkkk
   Nos mandamos para Copiapó onde descansaríamos uma noite e eu trocaria o óleo da moto e consertaria a chave da embreagem. 
 
 Restaurante no meio do deserto, no meio do nada, último abastecimento até La Serena.

 Peixe frito com arroz e salada de tomate.

    Depois encaramos novamente as retas e o vento do deserto até La Serena.

Aqui já estávamos a 400 km de Antofagasta.



Voltamos a encontrar o Pacífico, andando entre o mar e o deserto.






































   Chegamos em Copiapó umas 19h, depois de jantarmos, eu, um Lomo a La Pobre (foto abaixo) e o Fabio, um Peixe com camarões, procuramos um lugar para dormir, era uma pousada na entrada da cidade, com água gelada e segurança duvidável. Mas foi bom, ficava em frente a Universidade do Atacama e a rodovia nos fazia música. Dormi como pedra para no dia seguinte resolver os problemas da Betsy. 


    Dia 10
   Em Copiapó sai atrás de uma "talher" para moto, me enrolei para descobrir que oficina mecânica se chamava talher. Eu tinha conseguido o endereço da Suzuki automóveis .... falta de comunicação mesmo. Depois de uma procura relativamente pequena, fui atendido na Yamaha, onde troquei o óleo e o filtro que levei (pois não é fácil de achar) e briguei com a chave da embreagem que havia quebrado. Entre 10h e 12h30 estava tudo resolvido! Finalmente comprei um galão de combustível decente, com 5 l, nada dos COPECs meia boca.
  Voltando à pousada, fizemos nossas malas e partimos, mas antes repeti o prato do dia anterior.








Saindo da pousada, onde fomos bem recebidos pelo gurizão peruano.




Lomo a La Pobre (Filé). O bife era dessa grossura...muito bom. Regado a uma água tônica bagual. E nada daquela carne torrada do Brasil.







Aqui onde almoçamos e jantamos um dia antes.

    Pegar a estrada com a pança cheia foi um desafio, pois o sono pegou. Nada como umas balas de folha de coca para acordar. Umas retas infinitas com ritmo constante, foi uma tortura. Fato que se repetiu mais algumas vezes.







La Serena, bem ao fundo. 

   Começávamos a ver vegetação depois de longo tempo, depois ela foi aumentado, até vermos verde de verdade.
  Chegamos em La Serena, uma cidade bem turística com uma praia enorme e bem movimentada. Percorremos 345 km sem um posto de combustível. 160 km antes tivemos que abastecer a moto do Fábio com o combustível que levávamos. Nos batemos um pouco para sair da cidade em direção a Vicunhã e então a Pisco Elqui. O meu GPS (no celular) só fui usar mais tarde, o cérebro só usei para separar as orelhas ... sofri de graça.
  Próximo a Pisco Elqui, chegamos umas 22h em um camping bem numa curva, entramos, e que maravilha, como eu tinha imaginado que seria os campings ao longo do caminho .... kkkkkk
  Montamos as barracas e cozinhei alguma coisa, depois apagamos ao som do riacho com a água dos Andes. A melhor noite de sono da viagem.
   Realmente não sei se fizemos 970 km nesse dia, como me diz o google, mas andamos bastante....

   Dia 11
   Pisco Elqui foi o ponto alto da viagem, sem dúvida. O camping, a paisagem, o verde, a estrada sinuosa, foi o ápice. Depois tínhamos a sensação de estar voltando para casa.




































No deserto havendo água, há vida. As videiras permeiam o vale, se produz vinho.

   Fomos até um restaurante com uma visão estupenda, falamos com o proprietário e seus filhos, gostavam de rodeio e cavalos. Típicos homens do campo (com grana).











   Pisco Elqui é famosa pela produção de pisco, a bebida típica do Chile, destilado feito de vinho. Fomos até uma das fábricas famosas da região. Compramos Pisco e Vinho licoroso, muito gostoso. O Pisco possui graduação alcoólica de 35, 40 e 45!


Fábrica tradicional de Pisco.
































Pisco e suas variações alcoólicas.


Praça de Pisco Elqui.









Estávamos percorrendo o Caminho das Estrelas, e berço da escritora chilena, a renomada Gabriela Mistral.


Monumento em homenagem à Grabriela Mistral, Monte Grande, Vale de Elqui.


Paihuano, Vale de Elqui. A procura de cola (gotita) para tampar um furo do colchonete auto-inflável.

   Depois de achar cola para remendar um furo no meu colchonete, e de pelear um monte para descobrir que cola se chamava gotita, voltei ao camping para pescar e descansar um pouco. Achei uns tipos de besouros ("grilos") embaixo de um tonel de lixo e arrumei uma linha com um anzol pequeno, na tentativa de pegar umas trutas no rio. Achei que não tinha nada, como o pessoal do camping havia falado, o brasileiro é desconfiado e eu não sou diferente (essa é nossa educação). Pois não é que a linha puxou e que o tal de "grilo" deu resultado, depois de uns 6 grilos consegui puxar uma truta pequena para a margem, mas foi só, chutei areia na tentativa de tirar o bicho d'água, mas a truta foi mais rápida ... e o Fábio a se lavar de rir. Depois acabaram os "grilos" e não teve jeito de eu achar mais, por mais que fuçasse em todo canto. O deserto é um lugar difícil de achar insetos. O sonho de uma janta com truta frita evaporou no calor.  Bom,  restava tentar descansar um pouca na minha rede...


Que dedão sujo!.....kkkkk... Se a vida fosse assim.....

   A noite comemos um sanduíche com alfabaca (manjericão), tomate e queijo de cabra e fomos dormir para encarar a estrada no dia seguinte.

   Dia 12
  Tentamos sair cedo do camping, mas até o Fábio se arrumar demorou um pouco, fomos até o centro de Vicunhã para tentar achar wi-fi e conectar a família, pois já fazia dois dias que estávamos sem comunicação. Na praça havia wi-fi grátis e mandei notícias para casa.
  Nosso caminho agora era voltar até La Serena e andar em direção a fronteira com a Argentina, cruzando os Andes.








Praça central da cidade de Vicunhã.






Estavamos na rota das estrelas, caminho turístico do Vale de Elqui.

    Depois do tur e de voltarmos por onde tínhamos ido, tirando umas fotos que não puderam ser tiradas na ida devido o adiantado da hora. Então, estávamos de volta a La Serena. Lá no trânsito complicado da cidade deixo uma caminhonete Ford azul, novinha, se interpor entre o Fábio e eu. Como eu o estava seguindo, não queria arriscar um desencontro devido a algum semáforo. Aí fui me enfiar entre a fila de carros, resultado: a Betsy estava com baús laterais e acabei esbarrando na tal caminhonete. Sorte que o motorista achou que não foi nada. Depois quando ele dobrou para a esquerda eu vi um pequeno risco branco na traseira... e mais tarde um pouco de tinta azul no meu báu esquerdo ... O chileno deve estar me xingando até agora.
  Depois de La Serena a paisagem não se alteraria muito, com o já habitual mar-deserto, até entrarmos no caminho para Los Andes, onde o verde nos encheu os olhos

Plantação de oliveiras.


Parque eólico entre o mar e o deserto.







 Um pouco antes de chegarmos à praia acima, passei por um andarilho, que pelas roupas e pela aparência me comoveram, vinha caminhando na beira da estrada. Só não parei porque eu vinha seguindo o Fábio e era uma descida. Queria ter dado-lhe uns biscoitos, alguma coisa. Senhora miséria humana, até agora tenho a consciência pesada.
 Chegamos em Los Andes, já no escurecer. Pedi informação sobre uma hospedaria e o chileno que nos auxiliou indicou um endereço que ele me explicou umas 5 vezes, minha memória até que se esforçou, mas somado ao cansaço eu não segui as informações à risca, e lá fomos nós.
  Pois como digo, a sorte sempre ajuda os loucos, achamos a hospedaria porque me lembrei do nome da rua que ele nos havia informado como ponto final, e depois de umas quebradas, paramos justamente para perguntar uma quadra antes da tal rua!
  40 dólares, foi o acordo, tinha até piscina, mas o que queríamos mesmo era não precisar montar acampamento, para acelerar a partida no dia seguinte. A hospedaria era ótima.
  De noite, tomamos uma cerveja bagual (feita com água dos Andes) com uma pizza buena de gostosa.
 

   Dia 13
  Acordamos cedo, não tomamos o café da manhã que eu tinha conseguido com desconto, e nos mandamos. A estrada nos chamava e a meta era atravessar a fronteira através dos Caracoles e andar o máximo que desse na Argentina.

O cansaço era tanto que nem aproveitamos a piscina da hospedaria.


Aqui começa a subida dos Andes, os Caracoles, e o último pedágio no Chile, foram muitos, acho que mais de 10!





  Na subida dos Andes até comi uma balinha de folha de coca para dar ânimo, depois chegávamos a aduana e para mais uma espera, que não passou de 2 horas. Na aduana se fica em uma fila com o veículo e se entra num galpão para os trâmites. Nesse hora me pediram um documento que eu recebi na entrada do Chile, achei que tinha perdido, sorte que coloquei no fundo do baú e o achei rapidamente. Devia tê-lo colocado junto com o passaporte e os demais documentos. Foi só um susto para acordar o novato.

Fila para a aduana entre Chile e Argentina, nos Andes.

  Depois de passada a fronteira a primeira cidade é Uspallata, onde paramos para almoçar e abastecer. Nesse ponto, novamente o Fábio colocou gasolina 98, não por sua culpa, a atendente do posto insistiu que era a 95, mas na bomba era a outra. O Fábio decidiu colocar a gasolina fora e encher o tanque novamente em outro posto. Paramos em uma sombra e colocamos uns 6,5 l fora dos 10 colocados. Resumo, depois abastecemos a 98 de novo! A moto não reclamou dessa vez, acho que a gasolina já não era tudo aquilo.


 Parada em Uspallata para tirar a gasolina 98 do tanque da moto do Fábio. Aqui perdi minha estimada luva esquerda (de neoprene).

 Foto com o seu Osnir de São Paulo, o havíamos encontrado depois de La Serena, estava solo com sua suzuki 800cc.

    
   Andamos o que deu nesse dia e paramos em Villa Mercedes em um hotel razoável, onde me deram uma cama quebrada, dormi num cocho, mas o cansaço nem reclamou. Pelo menos comemos um pudim com doce de leite.

   Dia 14
  Acordamos fizemos as malas e na hora de sair, o Fábio perde as chaves da moto pela segunda vez, só que desta vez não as achamos rapidamente. Até na minha mala procurei. Bom, depois de uma procura infrutífera restava utilizar a chave reserva, e onde ela estava? Dentro do baú, cuja chave o Fábio perdera, pois estava junto com a da moto! Resultado, arrombamos o baú de forma a não danifica-lo quase nada, tiramos os pinos das dobradiças. 
  Logo depois, adivinhe? As chaves originais apareceram! Tinha ficado presas nos ímãs da mala de tanque. Nada como umas boas risadas para compensar.
  Depois do incidente pegamos a estrada. Começa novamente a tortura de andar em estradas Argentinas: o calor, o mormaço e as retas. Pelo menos agora tínhamos o verde! O sono foi o inimigo.
 
   Em nosso planos originais iríamos voltar ao Brasil pelo Uruguai, passando por Buenos Aires. Mas decidimos voltar por Uruguaiana e fugir do trânsito complicado da capital Argentina e das aduanas entre Argentina e Uruguai. Até  mesmo da complicação da troca de moeda. Também, a saudade batia e o trajeto parecia mais rápido.
   Então em Rufino pegamos a ruta 33 em direção à Rosário e acabamos dormindo em um hotel em Cerrito, com um preço ótimo. Ainda paguei em dólares e recebi em pesos Argentinos, que nos estavam fazendo falta. Finalmente tomei uma Quilmes antes de deixar a Argentina.
 Dessa vez utilizei o GPS do celular e acabaram-se as complicações de achar o caminho certo. Demorou para o burro velho se "ligar".

   Dia 15
  Saímos cedo de Cerrito e encaramos novamente o calor da estrada. Pegamos uma estrada ruim, nas raras ocasiões que isso ocorreu, mas nada comparado às estradas do Brasil. Pagamos uns 2 pedágios e chegamos à Paso de los Libres para chegar finalmente a terra amada, idolatrada, salve salve.



Fila para abastecer, no último YPF da Argentina.

  Quando chegamos na aduana, umas 14h30 pegamos uma fila monstro, até que saímos rápido, levamos umas 3h para entrarmos finalmente em Uruguaiana. As motos ficaram estacionadas a nossa espera.


Um pouco da fila que enfrentamos. O sol estava sob as nuvens, mas o calor era terrível, suar já era commodity.


Última foto das máquinas em solo argentino.

   Em Uruguaiana abastecemos e fomos ao banco sacar uma grana. Nas últimas tentativas, na Argentina, o cartão havia sido rejeitado e eu estava preocupado, mas tudo bem. Não precisei fazer uso dos dólares restantes. Decidimos cada um seguir o seu ritmo de viagem, o Fábio se mandou enquanto eu estava descansando um pouco no centro da cidade. Depois, sai despacito no más, achei que não o veria mais nessa viagem. Quando cheguei a São Borja, já escuro, abasteci (posto 144) comi algo, fui ao banheiro e ao pensar em sair, quem chega? O Fábio. Ele havia parado para comer algo ainda em Uruguaiana quando o passei. Depois me acompanhou até Entre-Ijuis onde nos separamos e nos despedimos. Ainda rodei mais uns 40km até Ijuí, onde dormi no Hotel F4, pertinho da BR, junto ao posto 44.
 
Última foto dos baguais, no posto Pizzoloto em Entre-Ijuis. Todo mundo quis sair na foto.


   Dia 16
  O melhor hotel da viagem, o café da manhã era padrão Brasil, com tudo que se tem direito. Na Argentina, serviram torradinhas e café com leite e croissant e café com leite. O hotel foi um bálsamo, tudo novinho, uma maravilha e o preço foi ótimo, R$ 90!

 Visão do posto 44 em Ijuí. Esse lugar era onde se servia o café da manhã do hotel.

Última foto da Betsy, depois de Lages e antes de Floripa. Última viagem do mango.

 Fugi de um chuvão lá pelos lados de Ijuí e cheguei em casa as 19h15 no complicado trânsito de Florianópolis. Havia rodado 7889 km. O lombo judiado pela viagem, mas a mente cheia de visões e recordações dessa nossa maravilhosa América do Sul.
 
 A Betsy, companheira fiel e sua distância percorrida.

 O caminho se alterou, a ideia era não ter um cronograma muito fixo e se adaptar conforme o tempo corria.

Trajeto feito. Viagem cumprida.

   Epílogo
   Peço desculpas às pessoas que não citei adequadamente e das histórias que não contei, pois a narrativa ficaria muito longa. Me detive aos fatos principais.
 O que me marcou na viagem foi a educação e hospitalidade dos Argentinos e Chilenos. Quanto a paisagem, nem se fala.
 Na primeira parte da viagem, ruta 16, quase não se aceita cartão de crédito, mas todo posto de combustível tem wi-fi e banheiro. É bom carregar pesos argentinos na proporção adequada. 
 Já no Chile, quase todo posto de combustível aceita cartão de crédito, mas wi-fi e banheiro é raro.
Levar alguns dólares é bom e ajuda a resolver alguns problemas de dinheiro. Quando for abastecer, prefira a gasolina 95 (super) e leve combustível extra, se possível.
  Pechinche quando puder. 
  Os policiais foram sempre educados e solícitos, não tivemos problemas. Nos pararam uma vez no Chile e duas na Argentina. Uma sugestão e puxar papo com eles, serão receptivos.
  Se for possível, saia cedo e chegue cedo, para descansar e aproveitar melhor a estrada.
  Viajar de carro é uma boa pedida, principalmente se for levar a família. Se for de moto, seria interessante que ela tivesse uma autonomia mínima de 400 km e que possa manter velocidades, com carga, de no mínimo 130 km/h. Nas retas infindáveis uma velocidade maior, significa menor cansaço e permite mais tempo para outras coisas. Manoplas aquecidas são importantes, machuquei as mãos pelo frio.
 O pior ao andar de moto foi o calor sufocante da Argentina, o frio dos Andes à noite, o vento que pegamos entre Villa Mercedes e Rufino e o sono que precisei combater em vários trechos.
 Falta conhecer o sul da Argentina e do Chile, vai ficar para a próxima ... só não conta para a minha esposa...


"Se a estrada não te mudar, não és um verdadeiro motociclista."
 
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Para quem tiver curiosidade, aqui a "pequena" tralha que levei na viagem. Faltou protetor labial, caneta e cola. Tudo foi bem acondicionado (em frascos pequenos quando possível), com o menor volume e peso possível, organizado em um bom quebra-cabeça nas malas. Excluindo as ferramentas e os remédios, quase tudo utilizei.


10 comentários:

  1. Estou dentro para o sul da Argentina e do Chile!

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  2. Parabéns! Boas dicas para futuras viagens!

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  3. Uma grande aventura. Parece que o problema são as aduanas. Um grande abraço.

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  4. Belas imagens e boas histórias pra contar.

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  5. Parabéns Borges pela bela viagem muito massa, um dia também irei fazer uma grande viagem dessa.

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  6. Olá Borges, poderia tirar uma dúvida sobre a SOAPEX, pode ser tirada no Chile ou deve ser tirada pela internet. Estou tentando pelo site do hdi.cl mas só dá erro na hora de gerar o pagamento. Como foi feito na sua viagem. Abraço

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    1. Fiz o SOAPEX na internet, talvez possa ser erro do seu navegador. No Chile nunca me pediram o documento, nem na alfândega, nem quando fui parado por policiais. Mas, vai saber, melhor previnir que remediar. Não sei se pode ser tirado no Chile, mas acho que é provável. Melhor ir tentando fazer pelo site da HDI, teste com outro navegador. Abraço.

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