terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Viagem ao Chuí - 225 km de praia!

    Essa foi uma aventura bagual (vídeo no final do post), num total de 3167 km rodados em 6 dias. Sai de Florianópolis dia 4 de janeiro em direção a Santo Ângelo - RS para encontrar meu melhor amigo, o Fábio, são 725 km (Florianópolis - Lages - Vacaria - Passo Fundo - Santo Ângelo). Dia 5 de janeiro saímos de Santo Ângelo em direção a praia do Cassino - RS, 675 km.

Saída de Santo Ângelo, motos equipadas para acampar, toda a tralha. Resumo: não acampamos, levamos o material para passear (choveu muito).

Parada antes de Santa Maria, nosso trajeto: Santo Ângelo - Santa Maria - Pelotas - Cassino.

Nada como uma linguiça de doce de leite para acompanhar na viagem!

Paisagem no caminho, depois de Santa Maria.

 Os capacetes, sinal da chuva, não adiantou a roupa de chuva, a bota encharcou, o casaco encharcou, as calças molharam... Foram uns 250 km de chuva.
   
   Chegamos no Cassino com muita chuva, estávamos encharcados, procuramos um lugar para dormir. Ficamos em um Apart hotel por dois dias.

 Visão da janela do hotel, de frente para o mar.

No posto, antes da aventura (dia 6 de janeiro). Combustível extra para a moto do Fábio.

Início da aventura, no quebra mar no começo da praia do Cassino.

Patrola arrumando a areia para a circulação de veículos.

   Um dos atrativos da praia é o navio encalhado, chegamos nele e pensei que teríamos que desistir, o curso de água a transpor parecia muito profundo. Era apenas o prelúdio do que viria a seguir.

O navio encalhado, primeira diversão para atravessar a água.

Eu entrando em um canal para ver a profundidade, será que as motos passariam?

Parada no meio do nada, a reserva do Taim. Hora de abastecer a Tornado, já tínhamos rodado uns 100 km.

A imagem diz tudo.

O melhor apoio de pé! Alguns chamam de quenga, nós chamamos de china. Portanto, não dá pra andar na areia sem uma boa china!

   
   A partir desse ponto a moto morreu, não pegava de jeito nenhum, por sorte levei uma cordinha que trançamos e torcemos para que não arrebentasse. O Fábio me puxou e a moto pegou em 3a marcha. Fiz o resto da viagem sem afrouxar o acelerador, nunca menos que 4000 rpms. Ainda assim, a moto engasgava e quase apagou umas 4 vezes.  Posso dizer que a diversão acabou aqui, pois pilotei com extrema tensão. Para piorar, a maré começou a subir e nos empurrar para a areia mais fofa, a moto oscilava de frente e quase fui ao chão algumas vezes. Tentamos manter a velocidade entre 60 e 70 km/h.

Algumas vezes as ondas me pegaram e a moto parecia frear.

   Passamos alguns degraus de areia na viagem, em uma ocasião eu vi as duas rodas da moto do Fábio no ar, sem pestanejar enrolei o cabo e segui o mesmo caminho. Em outras ocasiões o degrau estava na saída e a roda dianteira recebia a pancada. Houve momentos que o desvio era lateral e perigoso. A areia estava com ondulações e nada da areia compacta que esperávamos. Não foi fácil vencer os 213 km até a Barra do Chuí. A moto querendo ir ao chão algumas vezes e apagar, tensão até o final, estávamos no desolado.
   Havia um vento com areia que não parava de soprar, a viseira do capacete ficou melada pela serração da maresia e não tinha como limpar, fomos obrigados a dirigir uns 100 km com a viseira aberta entrando areia nos olhos. A buzina era uma constante para afastar as aves.

Em frente a oficina mecânica, no Chuí.

   Depois da Barra do Chuí fizemos mais 12 km de areia até o Chuí, a cidade é brasileira mas a maioria da população é uruguaia. Fomos até uma oficina mecânica, almoçamos salame e queijo que tínhamos levado, isso já era próximo das 3h da tarde. O mecânico não estava e tivemos que esperar, quando chegou não pareceu muito animado. Um rapazote levou uma das motos estacionadas para dentro da oficina e voltou com um capacete pedindo para dar uma volta na moto para ver o problema. Assim que ele saiu, o Fábio me olhou e nos perguntamos se o cara era mesmo mecânico da oficina?! A fronteira com o Uruguai era a algumas quadras de distância e eu achei que tinha perdido a moto. Que nada, depois de alguns minutos o rapaz voltou e me disse que o problema deveria ser o filtro de ar que molhou e que se fosse a injeção eletrônica, ele não poderia ajudar, aconselhou ir na concessionária Honda de Santa Vitória do Palmar. Então, segui para lá enquanto o Fábio foi até o final do Brasil, eu fiquei preocupado que a oficina fechasse antes de eu chegar.

Esse é o quebra mar da divisa Brasil - Uruguai (foto exclusiva do Fábio).

   Em Santa Vitória do Palmar a Honda não me atendeu, eles não podem mexer em Yamaha, então acabei na oficina do Birriga. O cara é corredor de moto cross e eu não poderia estar em melhor lugar, muito bem atendido. Resumo da opera: a moto já havia secado o suficiente e estava funcionando normalmente, só a luz do neutro que permanecia ligada quando a moto estava fria. O diagnóstico: filtro de ar molhado. O uruguaio estava certo! No final, tudo se resolveria sozinho, vai saber? Na dúvida preferi consultar um mecânico.
   Encontrei com o Fábio e voltamos pelo asfalto até o Cassino - 242 km. No retorno passamos pela reserva do Taim, uma beleza.

Parada no caminho de volta ao Cassino.

Tá aí o caminho, todo pela areia, com mar mexido, vento, areia fofa, tempo fechado e moto apagando.

No dia seguinte, dia 7 de janeiro, voltamos a Santo Ângelo. 


   Em Caçapava do Sul passamos na Casa do Guasqueiro - artesão que trabalha com couro cru. Compramos umas coisinhas ... Eu comprei um pala (poncho) de lã para mim, um pro piazote, umas meias de lã para a patroa, um ovelinha com pele de ovelha pra guria e uma pele inteira. O Fábio comprou um mango (rebenque).

A Casa do Guasqueiro.

O guasqueiro... e as minhas comprinhas. O Fábio emprestou as calças de chuva para carregar a carga.

Então, tudo foi amarrado a moto.

   Nessa viagem foi decidido que os membros da elite dos Guascas do Sul levarão um mango a tira colo na moto como marca registrada do grupo (ideia do Fábio). O meu eu comprei em Santo Ângelo. O laço ainda vamos comprar. Então, se cruzar por alguém de moto, com um mango de um lado (esquerdo) e um laço do outro lado, pode ter certeza que é do nosso moto grupo, e como o moto grupo é gigante, deve ser eu ou o Fábio.
 
Chegando em casa paramos no Entre Ijuís, nossa terra da infância, para comer um filé de tilápia com cuca e regado a um guaraná. Tava pra lá de bom.

   Chegamos em Santo City mais cansados que burro emprestado, o meu amigo ainda foi ver a prenda, eu fiquei dormindo. No outro dia fomos rever uns parentes do Fábio lá no interior do Entre Ijuís e praticar um pouco do off road, pois as estradas eram o contraponto do asfalto.
   Voltei para Florianópolis no dia 9 de janeiro, tirei uma última foto da Laranjinha, deu um pouco de problema, mas qual mulher que não dá? Vou sentir saudade dela, pois vou trocar de moto pensando na viagem do Chile de 2017.

Caminho entre Lages e Florianópolis, primeira viagem do mango, ainda na posição não oficial. Adeus Laranjinha, vou sentir saudade de você, ah, se vou.

Alguns aprendizados da viagem:  
Paciência: no trânsito não adianta pressa, nervosismo não adianta.
Confiança: caso do uruguaio que levou a moto para testar, gente boa.
Dinheiro não é tudo: essa foi com o dono do apart hotel que ficamos, o cara tinha 72 anos, uma fazenda de 500 hectares (arrendada), outro prédio no centro do Cassino, apartamentos em Porto Alegre. Estava preocupado em ganhar mais dinheiro, nada de férias, viajar. Só não entendi por que?
Organização: foi uma prévia da viagem pro Chile, muita coisa precisa ser repensada.
Teimosia: poderia ter sofrido menos se tivesse murchado o pneu dianteiro, como sugeriu o Fábio.

Obs.: acredito que fomos os últimos a fazer o caminho do Cassino até o Chuí pela praia de moto, dia 10 de janeiro de 2016 uma lei impedirá o trânsito de veículos em boa parte da praia, principalmente na reserva do Taim. A natureza agradece, pena que a lei não impedirá os navios de pesca que utilizam rede de arrasto.


6 comentários:

  1. Mas barbaridade Gaudério, a motoca não aguentou o salito da praia e engasgou. Mas tche, dá um traguito pra ela que seca os filtro tudo. Mas o que achei mais bacana foi o saquinho de leite no pezinho da motoca. Baita invensão tchê.
    Abraço, Robinson.

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  2. Mas olha, tchê, era para ser uma concha no pé da moto, foi a cachaça que eu não dei pra motoca, ou foi a cachaça que eu bebi.

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  3. Buenas,
    Viagem muito legal! Sempre tem perengue, senão não tem graça. Precisa história para contar e experiência para adquiri.
    Show de bola rapaziada.

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  4. KKK, mango na moto, mto boa!! Agora tô com mais vontade ainda de entrar pro moto-clube!!

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  5. Vocês são intrépidos mesmo.
    Parabéns

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